CLAUDIO SCHAPOCHNIK
Enviado a Saint-Guilhem-le-Désert/FRANÇA
A região de Languedoc-Roussillon-Midi-Pyrénées, no sul da França, tem várias microrregiões. Em uma dessas, a do Vale do Rio Hérault, há uma preciosidade, uma verdadeira pérola. Trata-se de Saint-Guilhem-le-Désert, fundada na Idade Média, integrante de um dos caminhos para Santiago de Compostela, na Espanha – que começa em Arles – , e Patrimônio Mundial da Unesco. Dista 43 quilômetros de Montpellier.
No dia em que visitei essa verdadeira joia, em abril passado, havia uma interdição na rodovia que corta Saint-Guilhem-le-Désert. Era uma prova de ciclismo, uma das paixões dos franceses quando o assunto é esporte.
Mas assim que os ciclistas passaram velozmente, alguns deles xingando alguns motoristas que desrespeitavam o isolamento na estrada, e eu entrei na área urbana da cidadezinha… Voltei séculos atrás. E mais: calçadas e ruas limpíssimas e prédios públicos e privados com a manutenção impecável, assim como os jardins e as floreiras.
Saint-Guilhem-le-Désert, contou a minha guia de turismo Céline, foi fundada no século 8 ou 9 com a construção de uma abadia – cujo edifício está lá até hoje ocupada por monjas que vivem reclusas. Os religiosos queriam um lugar calmo, deserto de seres humanos – daí o “Le désert” (o deserto, em francês) do nome do município.
COR OCRE É ONIPRESENTE
Atualmente a cidade soma apenas 200 habitantes e é conhecida pela produção artesanal de peças decorativas e artigos alimentares. O município vive 100% do comércio e, sobretudo, do turismo.
As casas e os pequenos edifícios das ruelas locais são revestidos, na grande maioria, de pedra. Uma coisa em comum é a cor: seja a pedra ou a pintura, tudo é ocre. Há uma padronização urbanística assim como há, por exemplo, na capital do Estado de Israel, Jerusalém, também toda ocre, e em Marrakesh, no Marrocos, onde a única cor é o vermelho.
A FLOR DA PREVISÃO DO TEMPO
Uma coisa me chamou a atenção e perguntei para a Céline. Em muitas casas, os moradores pregam uma flor que faz “a previsão do tempo”. É a cardabelle: quando está aberta o tempo será bom, ou seja, com sol; quando está fechada, o tempo pode ficar nublado, fazer frio ou chover. Como isso ocorre… Sei lá, mistérios da natureza!
A rua principal leva a uma simpática praça, com acesso à igreja e a algumas lojas, cafés e restaurantes. Novamente: tudo limpo e bem conservado. Não havia muito tempo, mas a vontade era sentar na mesa de um café e ver o tempo passar naquela agradável praça, naquela joia de cidade.
No retorno, quase no final de única rua principal de Saint-Guilhem-le-Désert, vejo um doce numa lojinha que parecia ser uma delícia – e é uma delícia. Oferecido por um operador de turismo do Rio de Janeiro, que comprou duas unidades, eu provei um pedaço e hummmmmm… Ótima!
Trata-se do oreillette, uma massa fininha de farinha de trigo e água de flor de laranjeira, entre outros ingredientes, que depois de frita é servida polvilhada com açúcar de confeiteiro.
Foi dessa forma, comendo oreillette, que deixei Saint-Guilhem-le-Désert, uma pérola francesa par excellence.
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NA INTERNET:
Site: www.saintguilhem-valleeherault.fr
Turismo na região: www.destinationsuddefrance.com
A reportagem do TurismoEtc viajou a convite da Air France e Atout France, com seguro de viagem da Intermac Assistance